VAMOS APRENDER A AMAR?
No amor, nem sempre são as faltas o que mais nos prejudica, mas sim a maneira como procedemos depois de as ter cometido.
(Autor Desconhecido).
Amar e ser amado é, sem dúvida, o maior desejo do ser humano e, por isso mesmo, a maior causa de suas frustrações e também de suas satisfações.
Muitas pessoas reclamam de seu destino por não ter sido contempladas com um grande e definitivo amor. Mas a realidade é que um grande amor é fruto de sua maneira de existir.
Amar, jogar xadrez, cozinhar, andar de bicicleta, qualquer processo de aprendizagem tem três fases:
a primeira é a da falta de consciência.
Realizamos uma ação pelo prazer de realizá-la, sem nos importar com o nosso aprimoramento. Começamos pensando que já sabemos muito. No caso do amor, acreditamos que já amamos bastante, que já nos entregamos. Nem bem começamos e já nos consideramos mestres no amor. E, quanto mais alguém pensa que já sabe amar, mais se torna patente que não conhece muito sobre o amor.
A segunda é a fase do esforço consciente da aprendizagem.
Quando descobrimos que não sabemos nada... ou quase nada. Então, traçamos um objetivo e queremos aprender o máximo possível. É a etapa da técnica, do treinamento metódico para atingir um determinado fim. No amor, é necessário desenvolver um treinamento para viver junto com alguém (treinar diálogos sem manipulação, treinar a sinceridade, a confiança, treinar sair para dançar, divertir-se, treinar relações sexuais satisfatórias, treinar estar com os filhos sem ficar pensando no trabalho, em sair ou dar telefonemas etc.).
A terceira fase é a da sabedoria.
Essa fase não existe nem o "eu" nem o "tu", mas simplesmente a comunhão. Quando não há homem nem mulher isoladamente, apenas o "nós". É o momento em que o encontro se torna o mais importante. É a etapa que transcende as individualidades, levando-as à plenitude.
O ato de amar só pode ser desenvolvido com disciplina, humildade e coragem. Nós já nascemos sabendo amar, mas desaprendemos essa habilidade e por isso precisamos reaprender do zero, todos os dias, como verdadeiros aprendizes do amor. É como respirar: ninguém precisa aprender a fazer isso. Depois de tantas repressões, os "pulmões" do amor ficam atrofiados. Então precisamos aprender a amar novamente. E, para aprender a amar bem, necessitamos de um trabalho cuidadoso e da consciência de quanto não sabemos amar.
Muitas pessoas agem como se soubessem, perfeitamente, como amar. O que não deixa de ser verdade! Esse tesouro está guardado dentro de cada um de nós, mas para alcançá-lo é preciso, com humildade, unir disciplina e carinho e realizar nossos atos de amor como se conhecêssemos muito pouco deles. Quando precisa desativar uma bomba, mesmo um grande perito em explosivos age com extremo cuidado e precaução, como se nada conhecesse daquele artefato. Ele sabe que um gesto precipitado pode acabar com tudo.
Nós aprendemos a demonstrar afetividade expressando nossas sensações em relação aos nossos pais. Tivemos, como modelo, a maneira como eles manifestavam carinho e amor por nós. E crescemos, muitas vezes, sem nos dar conta de que crescemos e de que a pessoa amada não é mais aquela mamãe nem aquele papai que foram nossos mestres nas primeiras lições afetivas.
Saber amar é estar atualizado com os próprios desejos, com os desejos do parceiro e com a maneira mais adequada e especial de concretizá-los. É estar disposto a ingressar outra vez na escola do amor, sem medo de descobrir que, como dizia o psicanalista inglês R. D. Laing,
"o que pensamos é menos do que sabemos; o que sabemos é menos do que amamos; o que amamos é muito menos do que existe; e, nesta concreta extensão, somos muito menos do que somos".
FONTE: livro amar pode da certo
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