Meu
Avô era um homem alegre.
Gostava
de música, de dança, de estar com amigos, conversar, contar causos. E
ele os tinha às centenas. Toda vez que retornava do sitio, os filhos, eram sete
e um neto que adotou com filho o Dudu, nos reuníamos em torno da mesa, na
cozinha ampla, para ouvi-lo.
Ele
contava causos de forma pausada. Ia descrevendo as cenas, uma a uma, reproduzia
os diálogos.
Por
vezes, meu irmão e eu, mais impacientes, o interrompíamos: E daí, o que
aconteceu? Conta logo. Ele sorria mostrando seus dentes curtos, bem moldados. E
continuava com a mesma calma, até o desfecho da história.
Tê-lo
em casa era muito bom e significava que iria dormir na cama deles (pais). Por
vezes, nossa mãe (minha vó) me dizia que desejava ficar a sós com ele. Mas, mal
despertava a madrugada, corria para o quarto e se enfiava entre os dois. Ele
acordava e brincava comigo, fazendo cócegas. Era uma festa! Ele sempre me convidava
para ir com ele para o sitio nos finais de semana. Meu Avô! Quantas saudades! Ele
não era letrado. Desde bem jovem conhecera o trabalho duro. Era pescador,
Agricultor, Marceneiro, tocador e cantor
de carimbó...
Constituíra
família cedo e os oito filhos lhe exigiam que desse o máximo de si. Insistia
que precisávamos estudar. E estudar muito. A duras penas, encaminhou para cada
um de nós o ensino fundamental... Meus irmãos não chegaram a tanto, mas fomos
brindados com o que ele tinha de mais precioso. Ensinou-nos a honestidade,
ensinou-nos que melhor era ser enganado do que enganar. Viveu no
tempo em que a palavra de um homem era documento mais válido do que nota
promissória, duplicata ou qualquer título financeiro.
Legou-nos um nome honrado e disse-nos que
o dignificássemos, ao longo de nossa vida. Olhava para mim, com orgulho e
dizia: Um dia você será uma pessoa muito importante! Hoje, quando viajo pelas estradas, muitas delas velhas desconhecidas
de meu Avô, eu o recordo. Será que ele sabia que um dia eu seria alguém que
viajaria, esclarecendo pessoas, palestrando, ofertando cursos? Ele
não conheceu todos os netos. Partiu para a Espiritualidade, em anos jovens,
deixando-nos um grande silêncio n'alma.
Em homenagem a ele, em
nossos almoço, nas festas de Natal e Ano Novo, nos encontramos. Rimos,
ouvimos música, dançamos. Porque ele nos ensinou a sermos assim. A vida é dura,
mas nós a podemos adoçar, se quisermos. - É o que dizia.
Meu
Avô, meu mestre, onde estejas, Deus te guarde. Especialmente
nesta época em que os avós são recordados pelos filhos, que os brindam com
presentes.
Meus
irmãos e eu te brindamos com a prece da nossa gratidão: Obrigado por nos terdes
dado a vida.
Obrigado
por nos terdes ensinado a bem vivê-la.
Eduardo
Campos Em 26.07.2015.
2 comentários:
Olá Edu! Linda sua Homenagem, sua memorias, sua palavras... a LUZ que a que vc transmite…
Como é bom saber de suas memorias Edu! tenho certeza que ele onde estiver, tem orgulho do neto e filho maravilhoso Que você é Edu! muito Feliz com a homenagem!
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