Numa
Escola de Educação Infantil, Sophie de apenas 4 anos faz um desenho de uma
paisagem com tintas coloridas. Era a tarefa do dia na aula. Pintar um lugar
onde eles gostariam de estar.
A
menina se esmerou com a palheta de cores, e produziu, empolgada, sua obra de
arte. Ansiosa, levantou-se da cadeira e foi mostrar à professora. Ao ver a
pintura, a educadora notou algo estranho já de súbito.
Disse
baixinho um Muito bem, para incentivar a criança, fez um carinho e pegou o
desenho em mãos. Os trabalhinhos seriam expostos no outro dia no mural da
Escola. No intervalo para o lanche, a professora não se conteve, pegou o
desenho e foi mostrar às outras que se encontravam na secretaria da Escola. Ela
queria uma opinião sobre aquilo.
Algumas
delas eram mais entendidas em psicologia infantil, e quem sabe poderiam
ajudá-la a decifrar o que estava pintado ali.
O
que será que ela quis dizer com isso? Isso deve estar mostrando algum
sentimento, algo que ela tem guardado. O que será?
As
amigas de profissão não souberam dizer.
Algumas
disseram que não era nada, que não deveria se preocupar. Mas ela estava
encafifada. Voltou à sala de aula, e resolveu que, ao final do período, iria
conversar com a Sophie e perguntar a ela o que significava.
Chamou-a
então, com discrição, à sua mesa e perguntou, com a pintura na mão: Querida,
você pode explicar algo para mim?
- A criança acenou com a cabeça. Se o céu é
azul, por que você desenhou um céu cor-de-rosa?
Mas
o céu não é azul, professora!
- Respondeu ela, com educação.
Para
outras pessoas o céu é azul...
Ontem,
no final da tarde, o céu, atrás de minha casa, estava assim, rosa.
Esses
dias vi um céu laranja! À noite ele é sempre preto, ou azul escuro, mas de dia
ele pode ser cinza claro, cinza escuro, vermelho... Sabe... Uma vez vi uma
tempestade tão grande no céu, que ela chegou a pintar o céu de verde! Não é
todo mundo que acredita, mas eu vi, era verde...
Sophie
fez um verdadeiro discurso sobre as cores do céu, deixando boquiaberta a
professora desatenta. Ela nunca havia parado para pensar nisso. Aceitou tão
facilmente a verdade, o clichê de que o céu é azul, que acabou esquecendo a
variedade de cores possíveis no zimbório terreno.
Percebeu
então como as crianças têm uma sensibilidade admirável, e que muito tinha a
aprender com elas. Com certeza, na próxima vez, antes de achar que possa
existir algum problema numa criança, iria se analisar, para perceber se não era
sua sensibilidade que precisava de escola.
Toda
criança é especial, e merece ser tratada como tal. Da mesma forma como nem
sempre o céu é azul, cada criança tem suas particularidades, e os educadores
precisam estar atentos a elas.
Não
se pode usar uma mesma fórmula, um mesmo método, padrão de ensino ou educação
no lar, para todas as crianças.
Faz-se
necessário ajustes, adequações, atenções individualizadas.
Pense com Edu!
Todo
céu é belo, mesmo sendo amarelo, rosa, vermelho ou negro.
¹ Fundador e Autor: Eduardo Campos, Técnico em Gestão Pública: Pedagogo,
Esp. em Docência do Ensino Superior – PROEJA
e Educação em Saúde. Pesquisador
do Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação do Campo na Amazônia-GEPERUAZ/UFPA
² Fonte texto : Recomeçar. Adeilson Salles.
³ Fonte imagem : http:/ Paula Alcantara facebook.jpg
Livro de Referência: Recomeçar. Adeilson Salles. Editora CEAC. 2014
Written by
Eduardo Campos all rights reserved.
3 comentários:
Boa Noite Eduardo! Você como sempre jorrando sua sensibilidade em tudo...comovente...isso é alma de escritor viu...e não falha, porque tem os olhos dentro da alma...e vejo que você só semeia o bem nesse maravilhoso chamado “Educando para Humanidade”.
é Eduardo todo conhecimento não é mais valioso do que os sentimentos e o reconhecimento que ainda temos muito que aprender com nossos alunos. Parabéns pelo texto!
Oi, Eduardo, Boa noite!! Venho desejar uma feliz final de noite. Reler esse belo texto é muito gratificante! Obrigada. bjos!
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