As
crianças de hoje surpreendem pela sua incrível capacidade de lidar com
engenhocas tecnológicas. Assustam adultos de mais de trinta anos que sentem
algum desconforto frente ao computador, a botões e máquinas eletrônicas
sofisticadas. Os garotos da atualidade assistem em tempo real ao que ocorre em
locais distantes de onde se encontram e estão habituados a conquistas
científicas. Tudo isso leva pais a se considerarem ultrapassados, endeusando os
filhos ou considerando-os verdadeiros gênios.
Por
mais que ajam com certa autonomia, as crianças de hoje, como as de ontem, têm
necessidade dos adultos para lhes dizer o que fazer e o que não fazer. Os
pequenos gênios fazem birra, esperneiam e até fazem greve para conseguirem o
que desejam. Precisam de um basta que interrompa sua diversão com o game quando
a hora é a da refeição, do banho ou da escola. Necessitam receber não para
regular a sua rotina e sua saúde. Precisam de disciplina. E disciplina se faz
com limites.
É
um erro tratar as crianças simplesmente como cérebros ansiosos por mais e mais
conhecimentos. Elas necessitam de experiências afetivas, motivo pelo qual não
podem dispensar as brincadeiras com outras crianças. Assim como elas precisam
da imposição dos limites pelos adultos, necessitam dos conflitos com seus
amiguinhos para aprenderem a se relacionar com pessoas e coisas.
O
mundo necessita de homens capazes de amar, de respeitar o semelhante, de
reconhecer as diferenças, de pensar, muito mais do que de gênios sem moral,
frios e calculistas. A ciência, sem sentimento, tem causado males e tragédias.
Preocupemo-nos, pois, em atender a busca afetiva dos nossos filhos. Permitamos
que eles convivam com outras crianças, que criem brincadeiras, usando a sua
criatividade.
Busquemos
ensinar-lhes, através da experiência diária, os benefícios do afeto verdadeiro,
abraçando-os, beijando-os, valorizando seus pequenos gestos, ouvindo-os com
atenção. A criança aprende o que vivencia. O lar é a primeira e fundamental
escola. É nele que se forma o homem de bem que ampliará os horizontes do amor,
nos dias futuros. Ou o tirano genioso que pensa que o mundo deve girar ao seu
redor e somente por sua causa.
Mesmo
a criança considerada um gênio precisa de cuidados elementares para crescer
emocionalmente. Para se tornar, de fato, uma pessoa com capacidade de criar,
produzir e desfrutar junto com os outros, a criança precisa de afeto. As
crianças de hoje não amadurecem emocionalmente mais rápido do que as de
antigamente. Elas continuam a ter medo do desconhecido, a se alegrarem com
pequenas coisas, a se sentirem infinitamente tristes pela perda de um animal de
estimação.
São
todas experiências importantes para a formação e o aprendizado emocional do ser
humano, devendo ser valorizadas em todos os seus detalhes.
¹ Fundador e Autor: Eduardo Campos, Técnico em Gestão Pública: Pedagogo, Esp. em
Docência do Ensino Superior – PROEJA e
Educação em Saúde. Pesquisador do
Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação do Campo na Amazônia-GEPERUAZ/UFPA
² Fonte texto : R M E - Com base em artigo intitulado Cérebros e
corações para o Século XXI, do jornal Gazeta do povo de 2 de janeiro de 1999.
³ Fonte imagem : http://www.intercambio7.com.br/sims-e-naos-para-seu-intercambio.jpg
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