Ao
deixar a roupa suja no lugar apropriado, tropecei no diário da minha irmã de
treze anos. Logo pensei: O que eu faço agora? Eu sempre tive ciúme de minha
irmã caçula. Seu sorriso charmoso, sua personalidade cativante e muitos outros
talentos ameaçavam meu lugar como filha principal.
Eu
competia com ela silenciosamente e via crescer suas habilidades naturais. Por consequência,
nós raramente nos falávamos. Eu procurava oportunidades para criticá-la e
superar seus feitos. Agora, seu diário estava aos meus pés. Eu não pensei nas consequências.
Não levei em conta a sua privacidade, a moralidade de minhas ações, nem seus
sentimentos. Eu apenas saboreei a chance de encontrar segredos suficientes para
sujar a reputação de minha concorrente. Raciocinei que seria meu dever, como
irmã mais velha, verificar suas atividades.
Apanhei
o livro do chão e o abri. Folheei as páginas, procurando por meu nome,
convencida de que descobriria tramas e calúnias. Quando encontrei, o sangue
gelou em meu rosto. Era pior do que eu suspeitava. Senti-me fraca e sentei-me
no chão. Não havia nenhuma conspiração, nenhuma difamação. Havia uma descrição
sucinta de si mesma, de seus objetivos e de seus sonhos, seguidos por um curto
resumo da pessoa que mais a inspirava.
Eu
comecei a chorar. Eu era sua heroína. Admirava-me por minha personalidade,
minhas realizações e, ironicamente, por minha integridade. Queria ser como eu.
Tinha me observado por anos, quieta, maravilhando-se com minhas escolhas e
ações. Eu parei a leitura, golpeada pelo crime que havia cometido. Eu tinha
perdido tanta energia para mantê-la fora do meu caminho... Agora, eu violara
sua confiança. Lendo as sérias palavras que minha irmã tinha escrito, me
pareceu derreter uma barreira gelada em meu coração e eu desejei conhecê-la de
verdade. Eu podia, finalmente, pôr de lado a insegurança estúpida que me
manteve longe dela por tanto tempo. Naquela tarde, quando consegui me sustentar
sobre as próprias pernas, decidi ir até ela. Mas, desta vez, para conhecer em
vez de julgar, para abraçar em vez de lutar. Para viver como verdadeiras irmãs...
Refletindo com Edu!
Por
vezes, temos agido como crianças, com relação às pessoas que nos cercam.
Imaginamos que não gostam de nós, que desejam nossa infelicidade, nossa queda.
Importante não estabelecer pré-julgamentos em nenhuma situação, por mais que os
fatos conspirem a favor. Nem sempre será possível descobrir os sentimentos dos
outros pelas aparências. Há pessoas que não conseguem exprimir seus sentimentos
e dão impressão de frieza ou indiferença. Por essa razão é que o pré-julgamento
é altamente prejudicial. Assim sendo, se for preciso imaginar os sentimentos
dos outros, façamos esforços para imaginar sempre o melhor. O ciúme produz o
câncer da suspeita, transformando os sonhos de sua esperança em pesadelo cruel,
que se converte em enfermidade demorada, a lhe corroer interiormente.
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¹ Fundador e Autor: Eduardo Campos, Técnico em Gestão Pública: Pedagogo,
Esp. em Docência do Ensino Superior – PROEJA
e Educação em Saúde. Pesquisador
do Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação do Campo na Amazônia-GEPERUAZ/UFPA
² Fonte texto : R M E - Elisha M. Webster, traduzido por Sergio Barros. Em 13.01.2009.
³ Fonte imagem : http://www.intercambio7.com.br/sims-e-naos-para-seu-intercambio.jpg
Written by
Eduardo Campos all rights reserved.
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