COMO MANTER UM RELACIONAMENTO?
ADMIRAÇÃO, RESPEITO, CONFIANÇA
O fogo dos teus olhos me fascina, o langor de teus olhos me enlanguesce, Cada suspiro que te abala o seio vem no meu peito enlouquecer minha alma!
ÁLVARES DE AZEVEDO
Existe um tripé de sustentação para que um homem e uma mulher vivam plenamente uma relação de amor. Não podemos afirmar se tais características são causa ou efeito do amor, mas sabemos que, se faltar uma das três na relação, a convivência ficará comprometida.
Estamos falando acerca da admiração, do respeito e da confiança.
A admiração é a nossa capacidade de sintonizar com o belo; é a saída da beleza de cada um de nós para encontrar o belo que existe no outro.
Imagine como seria insuportável viver com alguém e nunca sentir estímulo para dizer: "Como você está bonita!", "Que inteligente você é!", "Sinto-me orgulhosa de seu trabalho", "Que comida gostosa você preparou!", "Como você está cheiroso!", "Adoro fazer amor com você porque você é ótima"...
É preciso reconhecer algo na pessoa amada que seja digno de admiração. É necessário admitir, acreditar e sentir que a outra pessoa é inteligente, bonita, carinhosa, culta, forte, líder, solidária, sem que o reconhecimento dessas qualidades nos faça sentir inferiorizados em relação à outra pessoa.
A admiração funciona como um tempero da relação. Se você não admira nada na pessoa que está ao seu lado, qual é o juízo que tem de si? Como pode alguém passar a vida junto de outra pessoa e ser feliz, se o parceiro não possui nada digno de admiração?
Muitas vezes ocorre que, simplesmente, negam-se no outro as características dignas de ser admiradas. Não é que ele não as tenha. Apenas não são reconhecidas nem identificadas pelo parceiro. Essa incapacidade de admirar a pessoa amada está diretamente ligada ao bloqueio de encontrarmos, em nós próprios, algo admirável e digno de ser enaltecido.
É uma bela lição aquela história dos três operários que estavam à porta de uma catedral em construção, realizando suas tarefas, quando alguém se aproximou e perguntou: "O que estão fazendo aí?" O primeiro respondeu:
"Faço massa de cimento"; o segundo disse: "Seleciono pedras para a escada"; e o terceiro afirmou com altivez: "Ajudo a construir uma catedral".
Comece a descobrir todas as coisas que seu par tem de admirável, mesmo que vocês estejam vivendo uma crise conjugal. Seguramente ele possui muitas qualidades interessantes. Depois de encontrá-las, passe a falar sobre elas com a pessoa amada.
Pode ser que, quando uma pessoa começa a admirar alguém, por qualquer motivo que seja, ela passe a não se sentir merecedora de ser aceita e amada por aquela pessoa admirável que ela está descobrindo e se afaste dela, com medo de ser rejeitada.
Muitas pessoas vivem criticando o parceiro, por achar que ele tem mau gosto pela escolha conjugal que fez! Isso é muito triste. É fundamental para uma relação que a pessoa ache que quem a escolheu tem bom gosto. Assim como precisamos estar certos de que a pessoa que escolhemos é especial.
O respeito produz em nós a consciência de que não faremos ou diremos coisa alguma que possa desvalorizar ou humilhar a pessoa amada.
Quando alguém ama e protege esse amor, há respeito. E nada será feito que ameace a pessoa amada e o amor que por ela se sente.
Podemos respeitar alguém que não amamos. Muitos respeitam mestres, artistas, personagens históricas ou da vida pública pelo que eles representam ou representaram em uma determinada escala de valores, conceitos e verdades. Por outro lado, não se pode amar alguém sem respeitá-lo, porque o respeito é o efeito de se acreditar no outro, como expressão da verdade.
É mais fácil respeitar alguém distante de nós do que a pessoa mais próxima de nós, pois para crer e, conseqüentemente, se respeitar no amor é necessário conhecer o outro. E apenas podemos conhecer profundamente o ser amado se nos deixarmos conhecer também, o que é assustador para quem não quer avançar no amor e reinventar-se todos os dias.
É comum as pessoas confundirem respeito com medo. Ouvimos constantemente a expressão "me respeite" em muitos lugares. Na verdade, essa frase significa:
"Tenha medo de mim porque eu posso lhe fazer mal".
Desde cedo, damos ao medo o nome de respeito. E o que realmente o respeito significa não é expresso nem usado pelo ser humano, como seria necessário. Quando um pai ou uma mãe dizem: "Basta olhar para meus filhos para que eles me respeitem", o que na verdade estão dizendo é: "Só com o meu olhar consigo meter medo em meus filhos; meu olhar é o controle remoto com o qual eu os ameaço".
Algumas pessoas, quando pensam ou dizem "Eu respeito...", sentem-se ou colocam-se em posição de inferioridade, como se respeitar fosse o mesmo que estar por baixo. Poucas pessoas admitem, para si e para os outros, respeitar seu par, no sentido real e pleno do significado.
Quando alguém respeita o parceiro numa relação de amor mas passa a não ser respeitado por ele, sendo alvo de condutas agressivas, desqualificativas ou de indiferença, a pessoa que ama pode até continuar emocionalmente ligada à outra, mas o respeito que sentia antes desaparece, porque tudo aquilo que acreditava existir na pessoa amada cai por terra. Em muitos casos, no espaço vazio do respeito surgem o sentimento de raiva e o desejo de vingança.
Cada um de nós é responsável por se fazer respeitar. Apenas quando eu me respeito é que tenho a capacidade de respeitar o outro.
Quanto você se respeita e quanto respeita a pessoa amada?
A confiança é aquela sensação que temos de que, aconteça o que acontecer, podemos contar com alguém. É a certeza de que alguém nos quer, mesmo que estejamos em algum momento ruim. É a tranqüilidade de podermos contar tudo o que quisermos, sabendo que, se for pedido, o sigilo será mantido. É a segurança de podermos confiar em alguém. É sabermos que, mesmo que a pessoa nos diga algo que nos incomode, fica-nos a certeza de que ela não deixou de nos amar nem quer nos destruir. Ao contrário, temos a certeza de que lhe somos tão queridos que ela nos quer ver crescer e, por isso, aponta algo inadequado que tenhamos feito.
Quando você confia em alguém, pode acordá-lo pessoalmente ou por telefone, a altas horas da madrugada, para dividir uma dor, com a certeza de que será ouvido com carinho, ternura e compreensão.
Quando você confia no outro, pode até mostrar suas inseguranças, seu lado frágil e pedir ajuda.
Quando você confia em alguém, verifica e confronta qualquer informação que possa pôr em jogo a relação. E não se deixa ficar na dúvida, baseado em hipóteses tal vez infundadas.
A pessoa em quem confiamos é aquela que sabemos que nunca rirá dos nossos sentimentos. Não ridicularizará nossa dor; não fará comentários maldosos sobre nós e nunca será desonesta conosco.
Sempre terá um ouvido atento para nos escutar, um ombro onde possamos chorar ou descansar, mãos que nos estarão sempre estendidas, uma cabeça para nos ajudar a pensar e um coração sempre disposto a nos compreender.
Quando confiamos assim, a recíproca precisa ser verdadeira, porque só confiamos se somos confiáveis. Se alguém não confia em si, como poderá confiar no outro e querer ser confiável?
Fonte: Amar pode da certo - Roberto Shinyashiki &Eliana Bittencourt Dumêt
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