Sabe
por que muitas pessoas têm dificuldade de conversar com alguém? Porque vivem
eternamente em diálogos internos, conversando consigo mesmas, sem perceber que
o outro está na sua frente, abrindo o coração. Muitas vezes as pessoas não percebem
as mudanças no outro porque já definiram, dentro de si, o que o outro é,
deveria ser ou vai ser. Não notam que, todos os dias, a pessoa amada muda um
pouco. Mas um dia, de repente, descobrem que ela mudou tanto que se tornou
impossível agüentá-la e que é preciso ir embora.
É fundamental, para o casal cultivar diálogos francos e
abertos sobre suas concordâncias e divergências, sobre suas alegrias e dores,
sobre os problemas e suas soluções e sobre o amor que os une. E, no entanto,
dialogar talvez seja o que menos façamos. Acredito que muitos casais, ao invés
de um diálogo, entregam-se a dois monólogos simultâneos.
Na figura da Esfinge, há um simbolo que se refere a quatro
palavras muito importantes: saber, querer, ousar e calar. Penso eu que o cala é
das atitudes mais difíceis e uma das mais importantes para o diálogo. E apenas quando
conseguimos calar verdadeiramente conseguimos escutar o outro. O jejum de palavras é jejum mais ameaçador para o
ser humano. Porque vamos não apenas ouvir o outro, mas também ouvir a nós
próprios.
O jejum verbal não é de emitir sons sob a forma de palavras,
mas estar atento ao que o outro quer dizer. É estar ligado, não apenas no entendimento do que o outro está dizendo,
mas no que significa, o que representa para ele tudo aquilo que está falando.
Da mesma forma, é entender a sim mesmo.
Se o seu companheiro olha para você e diz que está triste,
qualquer que seja o motivo, e, por suas próprias dificuldades, não tem coragem
de lhe pedir um abraço, um aconchego, você poderá notar essa necessidade,
através de seus olhos se estiver sintonizado com ele. Então, poderá se
aproximar suavemente, oferecendo-lhe o ombro para que ele possa chorar. Do
mesmo modo, se ele estiver muito irritado e você perceber que há algo errado,
que você não sabe que é ou definir, em vez de tomar para si as agressões poderá
dizer: "Sinto
que você tem algum problema. Quero ouvi-lo para poder ajudá-lo".
Nesse momento, você estará calando para entender o outro. Calar
para escutar é a busca da sintonia com o outro. O jejum de palavras é também a
eliminação das palavras dispensáveis e a expressão apenas das que são
necessárias a cada momento. Saber calar é não se esconder atrás de palavras
vazias; é estar com a atenção volta da para distinguir o que é real do que é
fantasia, o que é fruto da imaginação e o que de fato existe.
Para
Refletir
Imagine que você amanhã depois do café, estará envolvido em
uma confrontação com a pessoa que você
ama. Isso poderá ser constrangedor, senão doloroso. Você sente um profundo
afeto por ela, mas começou a ter percepção de que está prestes a perdê-la. Hoje
você lhe contou seus temores, e a resposta seca que recebeu foi: Amanhã nós
conversamos". Sua expectativa é muito grande...
Eu te pergunto: O que você faria ou pensaria hoje sobre o que vai
acontecer amanhã?
Não faça nada... não faça coisa alguma. Não pense nem
pressuponha nada, para não se contaminar com fantasias e tomar uma atitude
defensiva que poderá distorce tudo o que foi dito. Apenas escute a si
próprio... Sinta suas emoções e perceba o que a outra pessoa representa para
você. Só depois de saber o que realmente está acontecendo com você é que poderá
dizer ou fazer alguma coisa, baseado nos seus sentimentos. Poderá lutar pelo
seu amor e, se perdê-lo, vai precisar calar uma vez mais para dar espaço à sua
dor e para senti-la. E, depois que ela se esgotar, você precisará calar
novamente e se preparar para renovar o seu amor.
Os diálogos internos funcionam a partir de um pensamento, que
gera um sentimento e uma consequente conduta. Se alguém pensa que o outro não
gosta dele, sem nenhum dado real, apenas por uma percepção, poderá ficar muito triste
ou deprimido. Tal sentimento levará a pessoa a se afastar mais e mais de quem
ama, conduta esta que só vai reforçar o
pensamento de que o outro não gosta dela. Esse processo é uma retroalimentação
permanente do pensamento, que potencializará mais emoções e firmará mais a
conduta.
Da mesma forma que podemos usar os diálogos internos para
amargurar nossa vida, temos possibilidade de usá-los para elava a nossa auto
estima, quando buscamos, dentro de nós, a nossa verdade e as metas que nos
propormos atingir, dentro de nossas limitações e de nossa realidade.
Finalizando
para Recomeçar
Agir com base em pressupostos é nos atirar a alguma
empreitada arriscada. É importante checar o que é real e o que é apenas fruto
de nossa imaginação. É apenas o diálogo claro, direto e objetivo nos leva a
esclarecer os pontos obscuros. Quando duas pessoas estão dialogando, a
predisposição de ambas é encontrar soluções, trocar informações, estar
interessadas uma no assunto da outra, mesmo que o tema seja doloroso. Em geral,
dialogar com o
outro dói menos do que se imagina.
Quando
há um problema relacionado com a vida do casal, é importante que sejam
apresentadas, além da dificuldade, uma ou duas opções de soluções possíveis,
com o cuidado de não se entrar em um “bate-boca” em torno de “culpados x
responsabilidades”.
¹ Eduardo Campos, Técnico em Gestão
Pública: Pedagogo, Esp. em Docência do Ensino Superior – PROEJA e Educação em Saúde. Pesquisador do
Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação do Campo na Amazônia-GEPERUAZ/UFPA
Contato: edu.com28@yahoo.com.br
³ Fonte imagem :
http://veja.abril.com.br/051207/imagens/medicina4.jpg
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