No mundo
inteiro, e em todas as classes sociais, a violência contra criança e
adolescente está sendo cada vez mais conhecidos e divulgados, os maus- tratos
praticados pelos próprios pais ou responsáveis vêm ganhando espaço crescente
nos diversos meios de comunicação. Cerca de 80% das violências acontecem dentro
de casa, com grande repercussão nas crianças, carregam as marcas pelo resto de
suas vidas.
Eduardo
Bechara
Pense com Edu! Como trabalhar
as relações humanas para prevenir a violência contra a criança no ambiente
familiar?
Podemos prevenir
a violência orientando pais e adultos sobre a necessidade de respeitar e amar a
criança antes mesmo de seu nascimento. Devemos reforçar que eles têm grande
responsabilidade pela educação básica de seus filhos e que devem amá-los e
respeita-los, antes de tudo, como seres humanos, únicos e dignos. Os pais devem
entender que cuidando bem das crianças e dos adolescentes, o futuro de toda
família será melhor. Todos os pais têm o dever de cuidar e educar os seus
filhos. Toda a criança tem o direito de receber cuidados e educação para que se
desenvolva bem e se torne um adulto saudável. Mas o que mudou na maneira de
educarmos nossos filhos?
Antigamente,
a forma de educar era autoritária. Dizia-se que criança não sabia nada e que os
adultos tinham que ensinar, corrigir, dar castigo e bater. Hoje, a forma de
educar mudou; a criança é muito mais respeitada em sua individualidade e em
suas necessidades.
Mas com essa
mudança nas relações com a criança, muitos pais estão tendo sérias dificuldades
para dar limites e saber quando dizer SIM ou quando dizer NÃO sem traumatizar
e, ao mesmo tempo, com a preocupação de criar futuros cidadãos que consigam
praticar o bem.
É muito
importante para os pais acreditarem que dar limites aos filhos desde pequeno é
ensiná-los a compreender que as outras pessoas também devem ser respeitadas.
Para isso, é preciso que a criança entenda que pode fazer muitas coisas, mas
nem tudo e nem sempre.
AS FINALIDADES DA INFÂNCIA
Para os pais, a infância é um tempo para:
Introduzir controles;
Educar com delicadeza;
Estabelecer limites;
Evitar confrontações;
Demonstrar 100% de firmeza, quando necessário.
Para as crianças, a infância serve para:
Aprender a controlar seus corpos e comportamentos;
Aprender a usar o banheiro;
Controlar os impulsos, aprendendo a esperar;
Aprender que ter um acesso de raiva não significa
conseguir o que quer;
Controlar a frustração, aprendendo a ter um
pouquinho de paciência;
Conseguir ficar algum tempo separadas dos pais;
Saber dividir e adquirir a noção de que os outros
também têm direitos.
Têm mais poder de juizo;
MARCAS REGISTRADAS DAS CRIANÇAS
A maioria delas:
Têm mais poder de juizo;
Exige atenção 25 horas por dia;
É centrada em si mesma;
Vive para o momento presente.
Os pais não devem se sentir culpados, devem saber
que tudo isto é normal, e deixar a vida rolar.
Criança pequena não é egoísta.
Ela é egocêntrica.
Isso quer dizer que ela pensa que tudo que existe por
causa dela, para ela e por ela.
Toda criança acredita que tudo acontece porque ela
existe.
Só quando ela aprende a conviver com outras pessoas
é que aprende as regras da convivência e deixa de ser egocêntrica.
Forçar uma criança pequena, antes da hora, a deixar
de ser egocêntrica é forçar a natureza.
Reprimida, a criança reage e não se desenvolve
normalmente.
Aí sim, é que corre o perigo de transformar-se em
uma criança egoísta.
O QUE É DAR LIMITES:
Ensinar para os filhos que os direitos são iguais
para todos;
Ensinar que existem outras pessoas no mundo;
Dizer SIM sempre que possível e NÃO quando
necessário;
Só dizer NÃO quando houver uma razão concreta;
Mostrar que muitas coisas podem ser feitas e outras
não podem e explicar o porquê;
Ensinar a criança a suportar pequenas frustrações
do dia-a-dia para que, no futuro, possa superar seus problemas com mais
equilíbrio e maturidade;
Desenvolver na criança a capacidade de adiar a
satisfação – se não der para comprar hoje, amanhã quem sabe vai dar;
Saber diferenciar o que é uma necessidade da
criança do que é apenas desejo;
Ensinar que cada direito corresponde a um dever e
que cada dever pode corresponder a um lazer;
Dar o exemplo – quem quer ter filhos que respeitem
as leis e os homens tem de viver seu dia-a-dia dentro desses mesmos princípios.
DAR LIMITES NÃO É:
Bater nos
filhos para que eles se comportem – quando se fala em limites muitas pessoas
pensam que isso significa dar umas palmadas, bater ou até espancar. Isso só
ensina a criança a ter medo, mas ela nada aprende; pior ainda, no futuro, pode
vir a fazer a mesma coisa com seus próprios filhos;
Fazer só o
que nós, pai ou mãe, queremos ou estamos com vontade, sem ceder nunca;
Ser
autoritário, dar ordens e impor a lei do mais forte através de ameaças e da
força física;
Gritar com
as crianças para ser atendido.
PORQUE BATER NÃO FUNCIONA?
Bater nada
tem a ver com dar limites. Quem bate dá uma verdadeira aula de falta de limites
próprios e até de covardia;
Existem
muitas formas mais eficientes e humanas do que a agressão física para manter a
disciplina; elas trazem mensagens mais positivas para o futuro cidadão;
Com o
tempo, a famosa “palmadinha leve no bumbum”, que tanta gente acha inofensiva,
pode deixar de causar efeito e acabar se transformando em palmadas cada vez
mais fortes e, ao final, em verdadeiras surras;
Mesmo
obedecendo, a criança não aprende verdadeiramente, apenas deixa de fazer certas
coisas por medo de apanhar;
Depois,
quando os pais se acalmam, sentem-se culpados e tendem a afrouxar de novo os
limites, e aí começa tudo de novo.
MAS COMO DISCIPLINAR SEM BATER? CRIANDO LIMITES NA
MEDIDA CERTA
No tópico
anterior falemos sobre a importância de não utilizar as palmadas e outras
agressões físicas como meio de disciplinar os filhos, e incentivamos os pais a
procurarem formas mais eficientes e humanas de manterem a disciplina das
crianças, ensinando-as os limites necessários. Agora vamos listar algumas das
mais eficientes atitudes a serem introduzidas na relação disciplinar dos pais
com seus filhos que podem ajudar E MUITO! a não recorrerem às palmadas:
Deixe bem claras as regras para seu filho, e não as mude de acordo com
seu humor!
As crianças
precisam de estabilidade, mesmo que para testá-las. A criança que vê seus pais
mudando as regras o tempo todo (“hoje pode, aproveita que estou de bom humor!”)
não consegue internalizá-las, pois percebe as regras como variáveis submetidas
pela vontade pessoal. Estabelecida uma regra familiar não a quebre! Se a
criança souber claramente a regra será mais fácil não quebrá-la. E, se caso
quebre, será mais fácil para ela entender a relação de transgressão e
responsabilização.
Use prêmios e recompensas!
Elogie e
premie seu filho quando ele apresentar comportamentos agradáveis. Tendemos a
ignorar o bom comportamento e a reprimir o mau comportamento. Com isso, a
criança percebe que chama mais atenção dos pais quando se comporta mau. Por
isso dê prêmios pelo bom comportamento: elogie, dê um sorriso satisfeito, um
beijo, um abraço, um afago. De vez em quando, premie com um passeio ou um
presente. Mas cuidado: elogios exagerados ou falsos e prêmios materiais em
exagero darão efeitos contrários, como consumismo, e chantagem, por exemplo.
Rotular, nunca jamais!
Tendo o
cuidado de nunca rotular a criança, relacionando uma atitude errada dela a seu
jeito de ser, para que ela não se sinta humilhada e derrotada. Dizer, por
exemplo: “Meu filho, não é correto pegar o que não é seu sem antes pedir ao
dono” e não “Você é desonesto, egoísta e quer tudo para você”.
Em casos necessários não hesite em usar a responsabilização...!
Sabemos que
mesmo sendo os pais mais compreensivos e atentos do mundo, mesmo reforçando o
bom comportamento, as crianças desobedecem, quebram as regras. Se você deixou
bem clara as regras do jogo, e seu filho, mesmo consciente delas as quebrou,
use a consequência-responsabilização, ou o famoso castigo. Cada criança é um
caso, e as responsabilizações vão desde a retirada de privilégios, pequenas
privações da companhia de amigos ou pais, cancelamento de um passeio ou
sobremesas. A consequência não precisa ser extremada ou terrível. Mas deve ser
sempre acompanhada de uma explicação simples e numa linguagem acessível à
criança, que deixe bem claro a relação transgressão e responsabilização. Pais
não esqueçam, prometeu, execute, sempre.
Pense com Edu! Tenha paciência, perseverança,
tudo na educação leva tempo para ser interiorizado. Quem quer ser lembrado
pelos seus filhos com amor e carinho?
Olá queridos leitores! Seja
bem-vindo ao meu blog. O seu comentário é um incentivo a novos posts. Eles são
a maior recompensa por cada pesquisa, cada palavra escrita. Então...Que tal
deixar o seu recadinho? Vou ficar muito feliz em recebê-lo. Quem desejar ou
quiser comentar enviar perguntas, depoimento ou sugestões de tema ao blog,
basta enviar um e-mail para nosso endereço eletrônico: edu.com28@yahoo.com.br
Aguardamos sua participação. Um
abraço fraterno a todos do amigo Eduardo Campos
¹
Fundador e Autor: Eduardo Campos, Técnico em Gestão Pública: Pedagogo, Esp. em Docência do Ensino Superior
– PROEJA e Educação em Saúde. Pesquisador do Grupo de Estudo e
Pesquisa em Educação do Campo na Amazônia-GEPERUAZ/UFPA
²
Fonte texto : Ivana
Bigio e Eduardo Campos.
³
Fonte imagem :
http://www.intercambio7.com.br/sims-e-naos-para-seu-intercambio.jpg
Livro
de Referência: Purves,
Libby . Como Não Criar um Filho Perfeito. Editora Publifolha . 2008
Zagury,
Tania. Limites sem trauma Ed. Record – 14ª Edição
Google:
http://educarparaahumanidade.blogspot.com/
Written by Eduardo Campos all rights reserved.
10 comentários:
Eduardo, fui criado no meu tempo com disciplina, bastava meu pai me olhar já sabia que eu estava errado... Já a minha mãe, pelo contrario minha mãe me batia muito e nem por isso morri hoje estou aqui para conta a historia... Você precisa educar a criança em casa ou dando umas tapas ou botando de castigo mesmo!
Amigo (a) Anônimo, obrigado pelo seu comentário! Amigo (a) eu acredito que a Disciplina também é amor! Fui criado com disciplina. Quando tiver meus filhos eu os criarei com, pelo menos, boa parte da disciplina com que fui criado... Pense com Edu! Infelizmente algumas pessoas acreditam que não deve se meter na forma como as pessoas educam seus filhos, e que a violência “uns tapas” é uma punição aceitável. As pessoas foram criadas desta forma e acabam reproduzindo isso. Muitos adultos infelizmente pensam como você, e repetem com os filhos o que sofreram com seus próprios pais dizendo isso “Minha mãe me batia muito e nem por isso morri”. Mas sabemos que não é bem assim amigo (a). Existem pessoas que até conseguem esquecer a violência e lembra mais dos momentos de carinho e bons cuidados que receberam de seus pais. E pode ser que estas pessoas até consigam educar seus filhos sem violência... Mas na maioria das pessoas que tiveram pais violentos acabam gravando na memória e no coração o sofrimento que passaram. Por isso, não conseguem agir de outra forma com seus filhos a não ser usando a violência também. Violência gera mais violência! Os pais podem agir de outra maneira para que seus filhos não cresçam magoados com eles. Assim também poderão prevenir para que a violência não passe para as outras gerações da família. As crianças não precisam sofrer aquilo que os pais sofreram. Isso é uma injustiça pois elas não têm culpa. E, no final das contas, quem não quer ser lembrado pelos seus filhos com amor e carinho? Para não se prolongar nesse comentário, me proponho a escrever um texto com esse titulo mesmo “Meu pai me batia muito e nem por isso morri”, para explicar com detalhes melhor esse tema. Abraços do amigo Edu!
Eduardo seu comentário é muito atual! É só observar na televisão quando casos chocantes de violência contra criança aparecem, a comunidade fica indignada, mas muitas vezes não denuncia ao observar o comportamento em outras famílias próximas!
Quanto aprendizado, quanta beleza em cada paragrafo seu nesse comentário Edu! Ou melhor, nesse (pequeno texto rsrsrs). Estou pensando aqui com será esse novo texto com esse tema “Meu pai me batia muito e nem por isso morri”! Com certeza devem vim cheio belas passagens... Vou aguarda-lo ansiosamente! Que Deus continue ti iluminando cada vez mais!
Eduardo segundo os especialistas, solucionar o problema da violência contra crianças é possível, mas falta conscientização de agentes fundamentais, como os professores e escolas, por exemplo. O que acha disso?
Monica muito boa sua pergunta! Não diria “conscientiza-los” prefiro dizer “sensibiliza-los”. Estes profissionais (me incluo nesse processo por ser também da área de educação) têm um papel muito importante, pois eles podem observar melhor o comportamento das crianças, por estarem em um ambiente onde elas se sentem mais seguras, livres e não estão ameaçadas. Porém, os professores e a escola precisam ser instruídos em observar comportamentos suspeitos, atitudes que não condizem com a idade e outros fatores... penso que esta ao nosso alcance Guiar, ensinar, orientar certos limites à criança desde cedo, com amor, paciência e empatia. Mais que isso: fiquemos atentos as às lições que ela pode nos ensinar. Gestos de amor, solidariedade, não ao preconceito podem ser convertidos em lindos aprendizados também para nós, adultos.
Amigo faço parte de um grupo da igreja, esse assunto é pouco discutidos entre os pais... Gostaria de saber o que a Bíblia orienta nesses casos? É preciso usar, de fato, a vara para corrigir um filho?
Maria do Carmo, Bom dia! Obrigado por contribuir com o blog! Apesar de não ser um estudioso da Bíblia como deveria ser (confesso rs), tenho lido sobre esse assunto e posso apresentar alguns trechos bíblicos de Provérbios que abordam o assunto, como em 13.24 (“O que não faz uso da vara odeia seu filho, mas o que o ama, desde cedo o castiga”), 23.13 (“Não retires a disciplina da criança; pois se a fustigares com a vara, nem por isso morrerá”) e 23.14 (“Tu a fustigarás com a vara, e livrarás a sua alma do inferno”). Sendo assim, a Bíblia fala sobre educar o filho com a vara para que aprenda, mas essa atitude somente pode ser tomada com entendimento profundo da Palavra de Deus e discernimento sobre a mesma. Creio que esse é um assunto difícil de ser abordado em um comentário de um blog sem uma explicação profunda do procedimento. Isso seria mais aconselhável de ser dialogado ou ministrado em um encontro para pais cristãos, debaixo de oração, para não se correr o risco de espancar crianças e dizer que Deus é quem ordena assim...
Muito boa sua pergunta Maria do Carmo, e muito cauteloso sua observação Eduardo, acredito que esse seja o caminho mesmo! Muitas coisas acontecem em ambientes religiosos por “interpretações errôneas dos ensinamentos cristãos”... Não sei se vocês acompanharam o episódio do casal que acorrentou o filho pequeno em casa para ir à igreja, alegando que ele era muito indisciplinado, é um exemplo de exagero e crueldade. É prova da falta de discernimento ou entendimento profundo da Palavra de Deus. Muitas barbaridades como essas e outras piores se fazem no mundo todo em nome de Deus.
Parabéns Edu pelo seu texto com um tema que é muito atual, discutido e digo até polêmico. Já que há quem diga da necessidade de bater para que se tenha êxito na educação e quem acredite que não haja necessidade. Eu não tenho filhos (mas tenho experiências com os sobrinhos e alunos na escola), particularmente acredito no educar através do afeto, do carinho do exemplo, da reflexão. A educação começa desde a concepção e se já neste período esta criança é amada, acolhida, respeitada introduzida em um ambiente familiar saudável onde se tem regras, rotinas, respeito, diálogo, afeto, perdão, compreensão... não haverá lugar para violências físicas ou verbais.O que acontece é que muitas crianças não são planejadas e muitos de nossos pais não estão preparados para acolher no seu lar um filho. Mas isso é mais uma discussão que deixo para meu amigo Edu, que muito bem nos presentei com seus sábios textos nos trazer uma reflexão sobre isso. Edu, que Deus continue te iluminando e dando a sabedoria que vem do alto. Bjs
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