Qual
será o melhor método para se ensinar a virtude da gratidão aos filhos? Haverá
uma fórmula especial que dê resultado garantido?
Deixe-me
conta uma historinha... Ele e o pai costumavam passear juntos aos sábados. Nada
espetacular. Simplesmente uma ida ao parque, ou à marina para olhar os barcos.
Por
vezes, uma visita em lojas de bugigangas, só para comprar aparelhos eletrônicos
baratos, para desmontá-los ao chegar em casa e verificar seu sistema de
funcionamento.
Algumas
vezes havia uma parada na sorveteria. Dudu nunca sabia se o pai iria ou não
parar na sorveteria. Por isso, esperava ansioso, na volta para casa, que o pai
enveredasse por aquela esquina decisiva. A esquina que significava animação e
água na boca.
O
pai do Dudu, por vezes, tomava o caminho mais longo. Dizia que era para mudar
um pouco o trajeto. Em verdade, parecia um jogo, onde ele ficava testando o
autocontrole do filho.
Quando
chegava na esquina, ele oferecia:
Quer
um sorvete de casquinha?
O
Dudu sempre pedia sorvete de Bacuri, e o pai, de açai. Andavam devagar até o
carro e ficavam saboreando o sorvete. Para o garoto, aquilo era o paraíso.
Certo
dia, em que rumando para casa, passavam pela esquina, o pai perguntou: E aí,
quer um sorvete de casquinha hoje?
Boa
pedida! Disse Dudu.
Também
acho, concordou o pai. Não quer pagar hoje?
O
sorvete custava então dois reais. A cabeça de Dudu começou a girar. Ele podia
pagar. Ganhava uma mesada semanal de quinze reais, mais uns trocados por
serviços eventuais.
Mas
ele queria economizar. Economizar era importante. E, por se tratar do seu
dinheiro, Dudu achou que sorvete não era um bom investimento.
E
aí ele disse as palavras mais “feias” que podia ter dito naquele momento: Bom,
nesse caso, acho que vou desistir.
A
resposta do pai foi lacônica. Concordou e começou a andar em direção ao carro
estacionado. Assim que fizeram a curva a caminho de casa, o garoto percebeu o
quanto estava errado.
Como
ele pudera ser tão mesquinho? Seu pai já perdera a conta de quantos sorvetes
lhe pagara e ele nunca comprara nenhum para ele. Como ele pudera perder aquela
oportunidade rara de dar alguma coisa àquele pai tão generoso?
Pediu
ao pai que voltasse. Em vão. Dudu ficou se sentindo péssimo por seu egoísmo,
sua ingratidão. Foram para casa.
Aquela
semana foi terrível, longa, angustiante. O pai não agiu como se estivesse
desapontado ou desiludido. Contudo, o garoto pensava e pensava.
No
final de semana seguinte, quando fizeram o novo passeio, ele fez questão de
conduzir o pai até à sorveteria e lhe oferecer, sorrindo: Pai, quer um sorvete
de casquinha hoje? Eu pago!
Naqueles
dias, Dudu aprendeu que a generosidade tem mão dupla, que a gratidão algumas
vezes custa um pouco mais do que um simples obrigado. No seu caso específico,
lhe custou dois reais. E lhe valeu uma lição para a vida.
Pense com Edu!
No
processo da educação, quase sempre um gesto tem efeito mais poderoso do que
muitas palavras. A sabedoria está, para o educador, em saber usar as palavras
certas, nos momentos adequados e a utilizar a eloquência do silêncio, nas horas
precisas.
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participação. Um abraço fraterno a todos do amigo Eduardo Campos
¹ Fundador e Autor: Eduardo Campos, Técnico em Gestão Pública: Pedagogo,
Esp. em Docência do Ensino Superior – PROEJA
e Educação em Saúde. Pesquisador
do Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação do Campo na Amazônia-GEPERUAZ/UFPA
² Fonte texto : R M E - O custo da gratidão, de Randal
Jones
³ Fonte imagem : http://juad.org/wp-content/uploads/2011/01/obrigado-300x189.jpg
Livro de Referência: Histórias para aquecer o coração dos
adolescentes, de Jack Canfield, Mark Victor Hansen, Kimberly Kirberger, ed.
Sextante. Em 31.01.2010.
Written by
Eduardo Campos all rights reserved.
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