Analisar
como pensam as crianças é experiência deliciosa, e de ensino profundo.
Duas
meninas, uma de cinco, outra de sete anos, estavam na sua mesinha jantando. A
menorzinha encontrou um grão de feijão na sopa, e disse para a outra: Quando eu
tiver uma semente de feijão, vou plantar no meu canteiro. A outra acabou de
engolir a sua colherada, passou o guardanapo na boca, e replicou: Feijão não
tem semente. A semente é ele mesmo.
A
pequenina não entendeu, e tornou: Então, como é que ele pode nascer, sem
semente?
A
outra, depois de pensar um pouco, explicou: Eu acho que é mesmo a terra que, um
dia, vira feijão. Mas sem ter havido nenhuma semente, antes?
É,
mesmo sem ter havido. Ela vai se juntando, juntando, juntando, e fica assim...
num grão. E procurou pelo prato, para ver se encontrava mais algum.
A
menorzinha não se conformou muito com essa transformação abstrata. Foi tomando
a sopa, e pensando. Depois de um pedaço de silêncio, reatou a conversa: Olha,
também pode ser assim: um homem faz uma bolinha pequenina, pequenininha de
massa... Depois, pinta por cima. Fica o primeiro feijão, então. Depois, os
outros nascem...
A
outra menina perguntou imediatamente: E com que é que ele faz a massa? Pode ser
com... batata. Mas batata não é feijão! - concluiu a maior, voltando a tomar
sua sopa, pensando um pouco mais no tema proposto.
As
duas continuaram ali, sentadas na mesinha, sem solução para sua dúvida, e com
as cabecinhas quentes, de tanto pensar, imaginar e questionar.
Refletindo com Edu
Quem
dera pudéssemos manter, após a idade adulta, essa curiosidade saudável e
investigadora, que não se contenta com respostas superficiais.
Quem
dera pudéssemos guardar na alma o hábito de fazer perguntas, de querer saber
mais sobre isso ou sobre aquilo.
Quem
sabe, se a idade dos porquês nunca houvesse passado, teríamos evitado aceitar
tantas verdades fabricadas, através dos anos.
Muitos
deixaram de questionar, de inquirir, aceitando tudo sem o processo
indispensável do raciocínio.
Outros
tantos foram coagidos a não pensar, a simplesmente concordar com tudo,
violentados naquilo que há de mais belo na Alma: a liberdade de pensamento.
Pense com Edu!
Sócrates
foi proclamado um dos homens mais sábios de todos os tempos, e tinha o hábito
de questionar, de descobrir o que estava por trás das coisas e das idéias.
Precisamos
nós, conquistar esta sabedoria, e desvendar o mundo de forma madura,
encontrando assim as verdades eternas que nos farão cada vez mais felizes.
Se
continuarmos aceitando que feijões podem ser feitos de batata, estaremos
condenados à estagnação do intelecto, e por conseqüência, ao engessamento
moral.
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¹ Fundador e Autor: Eduardo Campos, Técnico em Gestão Pública: Pedagogo,
Esp. em Docência do Ensino Superior – PROEJA
e Educação em Saúde. Pesquisador
do Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação do Campo na Amazônia-GEPERUAZ/UFPA
² Fonte texto : R M E -
Cecília Meirelles - crônica Como as crianças pensam
³ Fonte imagem : http://www.intercambio7.com.br/sims-e-naos-para-seu-intercambio.jpg
Livro de Referência: livro intitulado Crônicas de educação, ed. Nova Fronteira.
Written by
Eduardo Campos all rights reserved.