Vivemos
uma época deveras interessante. Ao lado de muito desamor, sucedem-se exemplos
de altruísmo e solidariedade. Independentemente de serem ou não religiosas, as
pessoas estão descobrindo que não há como ser feliz ao lado da desgraça alheia;
que não há como gozar os bens da Terra, cega e loucamente, enquanto muitos
carecem do pouco; que não se pode falar em paz no mundo se não a cultivamos no
próprio jardim. Enfim, que o homem somente pode alcançar a felicidade que
idealiza se aprender a colaborar, construindo junto. Nesse empenho, com
esperança crescente, se veem associações, empresas, instituições investirem em
qualidade de vida, em sustentabilidade, em cooperação mútua. Somos, na Terra,
um grande ser coletivo. O que a um afeta, ao outro alcança.
Foi, portanto, com alegria, que
assistimos a uma experiência realizada com crianças de variadas idades. Aos
pares, meninos e meninas foram conduzidos a uma mesa, frente à qual se
assentaram. A orientação que lhes foi dada é de que receberiam um lanche e, por
isso, à sua frente, havia um prato coberto por uma redoma. Assentados, cada
qual aguardava a autorização para se servir. Quando, finalmente, retiravam a
redoma protetora, descobriam que, em cada dupla, um recebera um prato vazio. As
reações foram as mais diversas. Houve quem risse, quem se espantasse. Crianças
de poucos meses de idade simplesmente brincaram com a redoma, mais preocupadas
em descobrir o que aquela coisa podia fazer do que com a ausência de conteúdo
no prato. Uma ação, no entanto, foi constante nas duplas: a divisão do
sanduíche. Ninguém brigou. Ninguém chorou. Ninguém reclamou. A divisão foi
feita das mais variadas maneiras. Houve quem repartisse o pão, comparasse os
pedaços e desse o menor ao companheiro. Mas deu. Houve quem desse o sanduíche ao
outro que, então, procedeu à divisão. Pedaços grandes, menores, maiores,
irregulares. Mas tudo, entre risos e espontaneidade, oferecido, entregue,
compartilhado. E saboreado com prazer.
Refletindo com Edu!
Como
será que reagiríamos, os adultos, frente ao prato vazio? Invocaríamos, de
imediato, os direitos iguais e faríamos o discurso a respeito da injustiça?
Entraríamos
em depressão porque fomos deixados de lado, humilhados, esquecidos? Por que o
outro foi agraciado com o saboroso sanduíche e nada nos foi ofertado?
Como
agiríamos ante o prato vazio também nos diz de como recebemos a adversidade
quando nos chega. Esbravejamos, dizemo-nos abandonados pela Divindade,
desistimos de lutar? Ou, como as crianças, abrimos um sorriso, olhamos para o
lado, acreditando que sempre haverá alguém para nos atender a dor, a
necessidade? Que um amigo está ao nosso lado e nos ofertará o que tenha.
Mudemos nosso foco. Menos reclamação, mais ação. Menos exigências e mais
doação. Repartir o pouco, compartilhar o muito. Aprendamos com as crianças e
abramos um sorriso, iluminando a face, iluminando a vida.
¹ Fundador e Autor: Eduardo Campos, Técnico em Gestão Pública: Pedagogo,
Esp. em Docência do Ensino Superior – PROEJA
e Educação em Saúde. Pesquisador
do Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação do Campo na Amazônia-GEPERUAZ/UFPA
² Fonte texto : R M E - Em 30.3.2015.
³ Fonte imagem : http://www.intercambio7.com.br/sims-e-naos-para-seu-intercambio.jpg
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