Acontece vez ou
outra. Passamos em frente a uma loja e lá está o aviso: “fechado para balanço.”
Na atual circunstancia o aviso é outro “Aluga-se” rsrs, mas deixe pra lá... É.
A empresa parou um dia para fazer a verificação do estoque, entre outras tantas
providências. É um dia em que pára o fluxo de clientes, das compras e vendas
para tomar pé, verdadeiramente, do que existe no interior da loja, no
almoxarifado, etc.
Essa é uma
providência que, cada um de nós, pessoa física, deveria tomar de vez em quando.
Fazer um levantamento de tudo o que guarda em casa. Com certeza, iríamos
descobrir coisas que nem lembramos mais que um dia guardamos. O jogo de toalhas
bordado pela vovó e presenteado há muito tempo. Que nunca usamos. Para não
estragar. Para não gastar. Mas, afinal para que ele nos foi dado? Algo tão
bonito, primoroso, bordado com tanto carinho. Fica lá, no armário, guardado.
Ninguém vê. Ninguém usa. Ninguém aproveita. A não ser as traças que, ao menor
descuido, vão fazer belas e substanciosas refeições.
E aquele conjunto de
saia e blusa tão bonito? Está guardado há tanto tempo, que já passou da moda.
Agora, não dá mais para usar mesmo. Mas nós o havíamos guardado para usar em
uma ocasião especial. Que de tão especial ainda não chegou. E aqueles sabonetes
em formato de concha adquiridos na feira de artesanato? Quanto tempo ficarão
guardados? Para que? Logo mais eles perderão o perfume, perderão o colorido.
Para que haverão de servir? Livros, roupas, guardados. Eles vão se acumulando.
Esse fica guardado porque foi fulano que nos deu. Aqueloutro, porque nos
recorda determinada ocasião.
Convenhamos. As
coisas são para serem usadas, aproveitadas. Guarda-se tanto que depois de algum
tempo, acaba-se tendo que jogar fora. Ninguém aproveitou, nem aproveitará.
Desapegar-se dos bens quer dizer também ter as coisas e servir-se delas. Tê-las
para serem usadas, para atender as necessidades. Quem muito amontoa, não
usufrui.
Aprendamos a nos
servir do que nos é dado ou do que adquirimos com o próprio esforço. Há quem
compra um carro, mas não viaja com ele, para não gastá-lo. Não vai a
determinados lugares porque pode ser estragado. A poeira, a estrada, a
vizinhança. Sempre há uma desculpa para não o utilizar. Os meses passam. O
carro continua novo. Mas não serve ao seu objetivo: ser meio de transporte. Há
quem adquire calçados, guarda-os novos no armário, mas usa sempre o mesmo par,
até acabar.
As coisas são para
servir ao homem, não para o escravizarem. Façamos um inventário do que temos em
casa, desalojemos dos armários o que está guardado há muito tempo sem servir a
ninguém. E coloquemos tudo a benefício nosso ou de quem precise.
A propósito, para um
exercício inicial, podemos começar com as coisas mais simples. Comecemos com o
sabonete que somente ornamenta a pia ou está ainda guardado na caixa bonita,
cheia de laços. Lembremos: a forma aprisiona. Demos a ele a chance de ser uma
outra coisa. Uma espuma perfumada em nossas mãos.
É natural o desejo do
bem-estar. É um direito de todos os homens o uso dos bens da terra. Servir-se
deles com sabedoria é o que o homem deve buscar. Isso lhe constituiu ao mesmo
tempo, uma prova, pelas tentações que propicia, quanto uma missão, para dar aos
bens terrenos a melhor utilidade.
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¹ Fundador e Autor: Eduardo Campos, Técnico em Gestão Pública: Pedagogo,
Esp. em Docência do Ensino Superior – PROEJA
e Educação em Saúde. Pesquisador
do Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação do Campo na Amazônia-GEPERUAZ/UFPA
² Fonte texto : R M E - Hermínio
Miranda
³ Fonte imagem : http://www.intercambio7.com.br/sims-e-naos-para-seu-intercambio.jpg
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