Certo dia, uma mulher
chamada Ana Clara foi renovar a sua carteira de motorista. Quando lhe
perguntaram qual era a sua profissão, ela hesitou. Não sabia bem como se
classificar. O funcionário insistiu: O que eu pergunto é se tem um trabalho. Claro
que tenho um trabalho, exclamou Ana Clara. Sou mãe.
Nós não consideramos isso um trabalho. Vou
colocar dona de casa, disse o funcionário friamente.
Uma amiga sua,
chamada Sophia, soube do ocorrido e ficou pensando a respeito por algum tempo.
Num determinado dia,
ela se encontrou numa situação idêntica. A pessoa que a atendeu era uma
funcionária de carreira, segura, eficiente.
O formulário parecia
enorme, interminável.
A primeira pergunta
foi: Qual é a sua ocupação?
Sophia pensou um
pouco e sem saber bem como, respondeu:
Sou doutora em
desenvolvimento infantil e em relações humanas.
A funcionária fez uma
pausa e Sophia precisou repetir pausadamente, enfatizando as palavras mais
significativas.
Depois de ter anotado
tudo, a jovem ousou indagar: Posso perguntar o que é que a senhora faz
exatamente? Sem qualquer traço de agitação na voz, com muita calma, Sophia
explicou:
Desenvolvo um
programa a longo prazo, dentro e fora de casa.
Pensando na sua
família, ela continuou: Sou responsável por uma equipe e já recebi quatro projetos.
Trabalho em regime de dedicação exclusiva. O grau de exigência é de quatorze
horas por dia, às vezes até vinte e quatro horas.
À medida que ia
descrevendo suas responsabilidades, Sophia notou o crescente tom de respeito na
voz da funcionária, que preencheu todo o formulário com os dados fornecidos.
Quando voltou para
casa, Sophia foi recebida por sua equipe: uma menina com treze anos, outra com
sete e outra com três.
Subindo ao andar de
cima da casa, ela pôde ouvir o seu mais novo projeto, um bebê de seis meses,
testando uma nova tonalidade de voz.
Feliz, Sophia tomou o
bebê nos braços e pensou na glória da maternidade, com suas multiplicadas
responsabilidades. E horas intermináveis de dedicação.
Mãe, onde está meu
sapato? Mãe, me ajuda a fazer a lição? Mãe, o bebê não para de chorar. Mãe,
você me busca na escola?
Mãe, você vai
assistir a minha dança? Mãe, você compra? Mãe...
Sentada na cama, Sophia
pensou: Se ela era doutora em desenvolvimento infantil e em relações humanas, o
que seriam as avós?
E logo descobriu um
título para elas: Doutoras-sênior em desenvolvimento infantil e em relações
humanas.
As bisavós, Doutoras
executivas sênior.
As tias, Doutoras
assistentes.
E todas as mulheres,
mães, esposas, amigas e companheiras: Doutoras na arte de fazer a vida melhor.
No mundo em que os
títulos são importantes, em que se exige sempre maior especialização, na área
profissional, torne-se especialista na arte de amar.
Como excelente
mestra, ensine aos seus filhos, através do seu exemplo, a insuperável arte de
expressar sentimentos.
Ensine a difícil arte
de interpretação de choro de bebê e de secar lágrimas de adolescente.
Exemplifique a
renúncia, a paciência e a diplomacia. E colha, vitoriosa, ao final de cada dia,
os louros do seu esforço, nos abraços dos seus filhos e na espontaneidade de
suas manifestações de afeto.
¹ Fundador e Autor: Eduardo Campos, Técnico em Gestão Pública: Pedagogo,
Esp. em Docência do Ensino Superior – PROEJA
e Educação em Saúde. Pesquisador
do Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação do Campo na Amazônia-GEPERUAZ/UFPA
² Fonte texto : R M E -
³ Fonte imagem : http://www.intercambio7.com.br/sims-e-naos-para-seu-intercambio.jpg
Livro de Referência: livro Nossos filhos são Espíritos, Hermínio Miranda, ed. Arte e cultura.
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