Foi assim durante
todo o trajeto. A pequena Sophie, no banco detrás de onde nos encontrávamos, no
ônibus urbano, ia cantando pelo caminho.
Repetia a frase e a
cada vez em uma escala acima ou abaixo da anterior.
Ficamos a imaginar
que ela deveria ter perdido o dente de leite e isso lhe constituía algo
inusitado. Talvez os pais lhe tivessem prometido algo, como por vezes ocorre.
Talvez a família tivesse comemorado o fato, por atestar que ela estava
amadurecendo, no natural processo de substituição da primeira dentição.
Fosse por que fosse,
ficamos a imaginar como para a criança tudo é extremamente importante. Parece
que quando nos tornamos adultos, vamos perdendo essa capacidade de dar
importância para pequenas coisas.
Como adultos,
reclamamos quando a chuva cai e precisamos sair para o trabalho, para os
afazeres do cotidiano.
A criança sai conosco
e vai procurando todas as poças possíveis para bater os pés, adorando ver a
água salpicar. Não se importa se os respingos lhe molharão a roupa, sujarão a
barra da calça. O que importa é se divertir, até o ponto de cantar, anunciando:
Eu vou pular nesta daqui. E nesta aqui também.
Adultos saímos à rua
e nossos pensamentos nos precedem. Vamos pensando no que precisamos fazer, no
que temos que dizer, no que precisamos providenciar.
Criança a caminho da
escola vai olhando tudo, cada detalhe e o que mais se ouve é: Olha, mãe! Pai,
olha lá!
Quanta coisa perdemos
esquecendo de observar detalhes do nosso entorno. Não vemos a flor que desabrochou,
o beija-flor que dança entre os canteiros floridos, o andar displicente do
sabiá nas alamedas...
Nem percebemos que a
rua ficou mais alegre porque o vizinho providenciou colorido novo na casa. E
outro, mais acima, podou artisticamente os arbustos.
Nós estamos
preocupados com as contas a pagar, com o saldo bancário, com as compras a
fazer, com os fornecedores que não atendem nossa demanda.
A criança quer saber
quantas pedrinhas encontrará pelo caminho para chutar, se conseguirá chutar
para mais longe cada uma delas... Vidas
despreocupadas. Vidas da infância.
Verdade: nós adultos
temos muitos compromissos, muitos deveres.
Mas, vez ou outra,
seria salutar que lembrássemos que fomos criança um dia e lembrássemos das
tantas pequenas grandes coisas que faziam nossa felicidade. E reprisar algumas
delas, enriquecendo-nos com o ouro de um dia de sol, os raios prateados da lua,
o brilho exuberante das estrelas.
Lembrarmos de nos
encantarmos com uma clara noite de luar, uma noite quente de verão, os
minúsculos grãos de areia da praia.
Determo-nos para
escutar o rugido do mar, o estrondo do trovão e o doce pipilar das avezitas na
árvore em frente à nossa casa.
Coisas pequenas.
Coisas grandes. Coisas que fazem a grande diferença entre um dia insípido, sem
graça alguma e um dia cheio de cor, som e alegria.
Um dia de monotonia.
Ou um dia de trabalho prazeroso, de contatos amistosos, de intenso viver.
Permitamo-nos
reviver, por vezes, as alegrias da infância descontraída e despreocupada.
Com certeza,
haveremos de querer repetir e repetir.
E nos sentiremos
rejuvenescidos, infinitamente gratos a Deus por nossa vida.
¹ Fundador e Autor do Blog: Eduardo
Campos, Técnico em Gestão Pública: Pedagogo, Esp. em Docência do Ensino Superior
– PROEJA e Educação em Saúde. Pesquisador do Grupo de Estudo e
Pesquisa em Educação do Campo na Amazônia-GEPERUAZ/UFPA
² Fonte texto : R M E -
³ Fonte imagem : http://www.intercambio7.com.br/sims-e-naos-para-seu-intercambio.jpg
Um comentário:
Linda escolha do texto de hoje Eduardo, valorizar a Vida, sentir e perceber a criança que existe dentro da gente! Há motivos de agradecimentos em tudo, amo a Vida! bom dia!
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