As frases que devem ser evitadas - ou usadas - na educação dos filhos
As palavras são o principal
instrumento na educação de crianças e adolescentes. Com elas, você aconselha,
dá bronca, orienta. Infelizmente, porém, nem sempre o que é dito com a melhor
das intenções produz bons resultados. "Muitos pais desconhecem o
verdadeiro poder das palavras que utilizam", alerta o pedagogo Eduardo
Bechara, especialista em educação. "Sem saber, dizem coisas pensando no
bem de seus filhos, mas utilizam frases que acabam tendo o efeito oposto." "Vários estudos
já mostraram que as crianças educadas com mensagens encorajadoras conseguem
ultrapassar com mais facilidade os obstáculos da vida. Já as que se sentem
humilhadas ou diminuídas com o que ouvem dos pais costumam ter problemas de
autoestima e se tornar inseguras, frágeis e vingativas", diz Eduardo. Para
ajudar os pais a refletir sobre o assunto, o especialista lista quatro frases
que considera benéficas e outras quatro que, a seu ver, fazem algum tipo de mal
aos filhos. Usando as palavras certas, você educa, põe limites e ao mesmo tempo
fortalece a personalidade das crianças.
"EU TE AMO, MAS NÃO GOSTEI DESSE SEU
COMPORTAMENTO"
É sempre importante
separar a ação (ele não voltou no horário combinado) do autor (seu filho).
Faça-o entender que se comportar mal não faz dele uma pessoa má. Dizer que o
ama na mesma frase em que você expressa sua desaprovação mostra que seu
objetivo não é puni-lo, e sim ensiná-lo a se comportar de maneira apropriada.
"POR FAVOR, DECIDA"
Você vai com seu
filho ao mercado, diz que está sem dinheiro, mas ele insiste que quer um doce
caro. Essa é uma boa hora para fazê-lo perceber as consequências de suas
decisões. Você pode dizer, por exemplo, que só poderá levar o doce se descontar
o valor da mesada dele. Faça isso sem ironia e peça que ele decida. Além de
oferecer uma opção ao seu filho, você evita o papel de má e insensível.
"PRECISO DA SUA AJUDA NUM PROBLEMA"
Muitas vezes, o mau
comportamento da criança reflete uma carência emocional momentânea. Então, se
vocês estiverem num local público e seu filho começar a aprontar, em vez de
repreendê-lo peça a ajuda dele para resolver um problema seu (qualquer um). Ele
se sentirá útil e respeitado, deixando a birra de lado.
"O QUE VOCÊ REALMENTE QUIS DIZER A ELE?"
Quando seu filho
xingar alguém de raiva, chame-o para uma conversa e pergunte o que ele de fato
queria falar à pessoa. Para as crianças, entender os próprios sentimentos não é
fácil. Menos ainda traduzi-los em palavras. Essa dificuldade em se expressar
acaba gerando brigas à toa. Conversando, você o ajuda a compreender a situação
e a lidar com o conflito de uma maneira mais positiva.
"POR QUE VOCÊ NÃO PODE SER COMO SEU
IRMÃO?"
Essa comparação faz
seu filho se sentir um cidadão de segunda classe e atiça a rivalidade entre os
irmãos. E ela dificilmente o fará molhar menos o banheiro ou melhorar o
desempenho na escola. Esse tipo de comentário enfraquece a autoestima e mina a
autoconfiança da criança. O certo é pensar na educação de cada filho como um
projeto único, aceitando suas fraquezas e dificuldades.
"COMPORTE-SE DE ACORDO COM SUA IDADE"
Se o seu filho de 9
anos gritou com o de 4 por causa de um brinquedo, não use a idade dele como
argumento para repreendê-lo, sugerindo imaturidade. Lembre-se de que ele ainda
está aprendendo a lidar com diferentes sentimentos e situações. Não existe um
padrão de comportamento certo para cada idade. Nessas horas, procure se ater ao
motivo que levou a criança a agir daquela forma, sem diminuí-la.
"EU ESTAVA SÓ BRINCANDO"
Essa frase costuma ser usada por
pais que acreditam que provocar o filho de propósito é uma boa maneira de
torná-lo mais forte. Um exemplo disso é chamar de "bicho-do-mato" uma
criança tímida para forçá-la a se enturmar - e depois dizer que é brincadeira.
Não funciona. O filho se magoa, perde a confiança nos pais e não se sente
apoiado por eles.
"NÃO CORRA, SENÃO VOCÊ VAI CAIR"
Esse tipo
de afirmação tem duas implicações negativas. A primeira é inibir a
experimentação. Arriscar um novo passo, tropeçar, rever as estratégias e tentar
novamente faz parte de qualquer aprendizado. Além disso, depois de escutar
várias vezes essa frase e não cair, seu filho deixará de ouvir suas
advertências. Prefira frases mais informativas e positivas, como "o copo
está cheio, tenha mais cuidado" ou "verifique se os seus cadarços
estão bem amarrados".
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