Meu
próximo, meu irmão
Conta-se que um monge e seus discípulos iam por uma
estrada e, ao cruzarem uma ponte sobre um rio, perceberam um escorpião sendo
arrastado pela correnteza.
Mais do que depressa, o monge entrou na água e
apanhou o animalzinho, que estava na iminência de se afogar.
Entretanto, ao tentar retirá-lo da água, o
escorpião picou o monge e, devido à dor, este o deixou cair novamente no rio.
Sem desanimar, o monge correu até a margem, tomou
um galho de árvore e novamente entrou no rio, colheu o escorpião e o salvou.
Em seguida, juntou-se novamente aos discípulos, os
quais haviam acompanhado tudo e agora olhavam para o monge, assustados e
perplexos.
Um dos discípulos, exteriorizando a curiosidade de
todo o grupo, exclamou: Mestre, deve estar doendo muito!
Sim, está, redarguiu o mestre, comedido como
sempre.
Indignado, prosseguiu o aprendiz: Então, por que o
senhor retornou para salvar esse bicho ruim e venenoso? Deixasse que ele se
afogasse! Veja como ele respondeu à sua ajuda! Picou a mão que o salvara! Não
merecia sua compaixão!
O mestre, sereno e brando, olhando para o grupo
afirmou: O escorpião agiu conforme a natureza dele e eu de acordo com a minha.
Refletindo com Edu!
Desde que nascemos, todos somos incluídos na
sociedade, criamos laços familiares e, aos poucos, vamos assumindo nossos
papéis sociais.
Somos pais, filhos, irmãos, tios, primos,
sobrinhos. E também patrões, empregados, voluntários, prestadores de serviço,
profissionais liberais.
Nem sempre tais relações são livres de desavenças,
discórdias, mágoas, decepções. Aqueles que buscamos exercer o convívio social,
de forma profícua, muitas vezes caímos na cilada de querer que o outro se
modifique conforme nossa própria maneira de compreender o mundo. Esperamos que,
para o bem da relação, o outro faça os devidos ajustes morais, pois é ele quem
permanece no erro. Esperamos sempre que o próximo se modifique, para que, dessa
forma, talvez nós possamos fazer alguns ajustes.
Entretanto, devemos nos lembrar de que todos nós
somos filhhos de Deus. Os erros que apontamos no outro, com tanta veemência,
podem estar, de forma ainda mais acentuada, gravados em nós e, por isso, temos
tanta facilidade para os detectar no próximo. Ademais, somos todos caminheiros
do progresso e temos nossas parcelas de erros e de acertos. Aquele que ora nos
fere e que nosso coração custa a perdoar, é tão passível de se equivocar quanto
nós. Cada um age de acordo com seus preceitos morais. A única certeza que temos
é que não somos os donos da verdade.
Antes, estamos em sua busca através de Jesus, que
teve a oportunidade de dizer: Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Na dúvida,
procuremos seguir as recomendações do Cristo, que nos sugere que não julguemos
o nosso próximo, que perdoemos setenta vezes sete vezes, que oremos e que
vigiemos - não o outro, mas a nós mesmos.
¹ Fundador e Autor do Blog: Eduardo
Campos, Técnico em Gestão Pública: Pedagogo, Esp. em Docência do Ensino Superior
– PROEJA e Educação em Saúde. Pesquisador do Grupo de Estudo e
Pesquisa em Educação do Campo na Amazônia-GEPERUAZ/UFPA
² Fonte texto : R M E -
com conto inicial de autoria ignorada. Em 12.3.2013.
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