Conta-se
que um açougueiro atendia suas atividades habituais, quando adentrou o
estabelecimento um cachorro. Ele se preparou para enxotá-lo, quando percebeu
que o animal trazia um saco à boca. Verificou que, dentro do saco, havia um
bilhete. Atendeu o que estava ali escrito, devolvendo ao cão o saco, com carne
bem acondicionada e troco dos valores que encontrara.
O
animal, com o saco à boca, saiu tranquilamente do açougue e foi andando pela
calçada. O açougueiro ficou intrigado: De quem seria aquele cão tão bem
treinado? Resolveu segui-lo.
O
cão chegou na esquina, levantou-se nas patas traseiras e apertou o botão do
semáforo para travessia de pedestres, parando o trânsito de veículos. Então,
atravessou a rua, na faixa de pedestres.
Mais
adiante, outro semáforo estava vermelho e o cão parou. Quando o sinal ficou
verde, o cão atravessou a rua. Chegou a um ponto de ônibus e esperou.
Quando
o primeiro ônibus parou, o cão olhou para o letreiro e não entrou. Quando outro
ônibus parou, um pouco depois, o animal voltou a olhar o letreiro. Dessa vez,
entrou e ficou perto da porta, acompanhando o trajeto com atenção.
O
homem do açougue estava perplexo. Nunca vira nada igual. Depois de várias
quadras, o cão desceu do ônibus e andou um pequeno trecho. Frente a uma casa,
abriu o pequeno portão e entrou. Parou frente à porta e começou a bater com a
cabeça na madeira. Depois, foi à janela e tornou a bater a cabeça contra o
vidro, várias vezes. Finalmente, a porta se abriu. Um homem grande e zangado
veio para fora e começou a agredir o cão, chamando-o de bobão, inútil, traste.
O açougueiro não aguentou.
Deteve
a agressão e falou ao dono do cão: Que é isto? Você tem um animal
extraordinário, treinado, inteligente e o agride desta maneira? Inteligente? -
gritou o dono. Ele é um tonto. Já falei um milhão de vezes e este inútil vive
esquecendo de levar a chave da porta.
Refletindo com Edu!
Naturalmente,
o conto é fictício. Pode levar ao riso. Ou podemos parar um momento e
reflexionar.
Quantas
vezes agimos como o dono desse cão?
As
pessoas nos servem, nos agradam e nós... Às vezes só reclamamos.
Reclamamos
da mãe que não nos preparou a sobremesa que pedimos.
E
esquecemos de agradecer a roupa limpa, impecável, no armário; os pratos
preparados com esmero; as frutas, o suco, o cereal no café da manhã.
Reclamamos
dos pais que não entendem nossos sonhos, nosso papo, nossa turma legal. E não
lembramos dos braços que nos carregaram, depois das brincadeiras, na praia; das
horas exaustivas de trabalho deles para nos garantir a escola, o lazer, as
viagens.
Reclamamos
do funcionário que não atendeu uma ordem, em todos os detalhes. Não lembramos
das mil coisas que ele faz todos os dias, sem errar, diligente, atento,
vendendo sempre muito bem o bom nome da nossa empresa.
Reclamamos
sempre, numa atitude tola de quem não tem capacidade de avaliar o real valor
dos que nos cercam.
Pensemos
nisso e tomemos ciência, primeiro, de que, por vezes, nos tornamos pessoas um
tanto desagradáveis, com esse tipo de atitudes.
Segundo,
perguntemo-nos se nós mesmos faríamos melhor.
É
possível que a nossa incapacidade, preguiça ou acomodação nos digam que estamos
reclamando, de verdade, por nos darmos conta de como somos dependentes dessas
criaturas...
Pensemos
nisso e foquemos de forma diversa a nossa apressada e tola avaliação.
¹ Fundador e Autor: Eduardo Campos, Técnico em Gestão Pública: Pedagogo,
Esp. em Docência do Ensino Superior – PROEJA
e Educação em Saúde. Pesquisador
do Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação do Campo na Amazônia-GEPERUAZ/UFPA
² Fonte texto : R M E - Com base em conto de autoria
desconhecida. Em 24.03.2009.
³ Fonte imagem : http://www.intercambio7.com.br/sims-e-naos-para-seu-intercambio.jpg
Written by
Eduardo Campos all rights reserved.
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