A Síndrome da Enfermeira: Mulheres que Preferem Homens
”Mal Resolvidos”
Marine tem 27 anos, é diretora financeira de uma loja de
departamentos em Paris e sofre pela síndrome da enfermeira. A patologia
consiste em se apaixonar por homens ”doentes” ou mal-sucedidos na vida e tentar
curá-los, o que geralmente não acontece. Ela teve um caso com um cleptomaníaco,
essa relação durou seis meses e acabou com uma ligação por telefone; depois
disso teve uma relação com um homem de 38 anos, com quem ficou durante umas
três semanas e também acabou tragicamente; depois conheceu um homem no hospital
que havia tido uma overdose, passou apenas duas horas com ele e já se sentia
totalmente apaixonada.
O filósofo e
psicoterapeuta Nicole Prieur diz que essa vontade de querer salvar o outro é
uma característica bastante feminina e amplamente compartilhada: No inicio dos
relacionamentos elas geralmente tentam consertar algo que, do ponto de vista
delas, está errado no parceiro. Mas não se alarme, isso é normal, não é raro que
tenhamos um ou outro relacionamento ruim de vez em quando, no entanto, se isso
se repetir com frequência é bom que você avalie melhor a qualidade dos seus
relacionamentos.
Se as suas histórias
de amor sempre terminam mal, talvez seja porque você sempre repete
inconscientemente o mesmo cenário em todas as suas relações. Não se preocupe,
isso é algo comum e acontece com várias pessoas. Não percebemos, mas isso faz
parte de nós desde a infância, o importante é identificar esse “script” e
quebrar esse padrão inconsciente que você está reproduzindo para que possa
mudar os papeis e finalmente se livrar desse tipo de relacionamento.
Geralmente o
sofrimento é recíproco nesse tipo de relacionamento. Ao tentar ”ajudar” o
outro, essas mulheres estão também tentando se ajudar. Elas não tentam ”salvar”
o parceiro por um motivo qualquer, geralmente se sentem atraídas por um
problema específico: uma ferida de infância, uma personalidade melancólica ou
até mesmo problemas psicológicos. Elas tentam curar os parceiros de um mal que
elas mesmas sofrem, tentam ajudá-los numa tentativa de superar seus próprios
traumas.
Quando Laurence, de
54 anos, conheceu François, de 50, ela não imaginava que ele já vinha lutando
contra o vício em drogas há mais de dez anos, mas depois de algumas semanas ela
percebeu que François tinha um problema e não se assustou com isso, pelo
contrário, se sentiu cheia de energias e prestes a mover montanhas para
ajudá-lo. Ela conversou com ele e fez um longo discurso tentando convencê-lo a
parar com o vício. Ela o obrigou a seguir um tratamento de desintoxicação, foi
até a farmácia onde ele trabalhava e avisou a todos os funcionários para que
não fornecessem qualquer tipo de medicamento a ele. Ele não recusou a ajuda,
mas sempre achava uma maneira de se drogar. Aos poucos foi se afundando cada
vez mais, até que um dia deixou uma carta de despedida dizendo que a entendia,
mas que não conseguiria mais continuar na relação. Laurence nunca mais viu o
homem que tanto amava e, por fim, acabou em depressão. Não saía mais da cama e
percebeu que desde sempre tentou ”salvar” as pessoas próximas a ela, fez isso
com o seu pai que morreu de overdose aos 57 anos, com o seu primeiro namorado e
assim sucessivamente com os demais relacionamentos que se seguiram.
O psiquiatra e
psicanalista Didier Lauru fala que existe uma espécie de “tentativa
terapêutica” na relação. Isso geralmente não tem a ver com pena, as mulheres
começam a ser compreensivas e generosas, começam a fazer de tudo na tentativa
de ajudar o parceiro, mas vão contra a vontade deles. Apesar do senso de
humildade e abnegação delas, as suas motivações inconscientes são, na
realidade, um desejo não-admitido de ser a heroína que salvou um ”homem
fracassado”. Geralmente esse desejo de servir está ligado a uma falta de
confiança, e é necessário que esse aspecto seja trabalhado, do contrário, os
outros relacionamentos seguirão sempre o mesmo padrão e, provavelmente, também
acabarão mal.
Isabelle tem 36 anos
e é tradutora, sempre fez de tudo pelo homem que amava: comprou um computador
para ele quando ele decidiu escrever um romance, pagou um curso de redação
quando ele decidiu ser redator de um jornal, apresentou-o a amigos quando ele
quis escrever roteiros, o problema é que ele nunca terminava nada que começava
e nunca a agradeceu por nada disso. No começo ela se sentia ”poderosa” por
estar fazendo de tudo pelo casal, mas quando se separaram passou a se sentir
totalmente vazia, triste e sem interesse por nada. Ficou arrasada.
Nicole Prieur recebe
muitas pessoas com “síndrome da enfermeira”, são pessoas que procuram ajuda por
estarem se sentindo devastadas e desamparadas após sucessivos fracassos. Ele
salienta que, inicialmente, elas acreditam que o que estão fazendo é algo
importante para ambos na relação. Se sentem como um porto seguro, um pilar para
o parceiro. Muitas vezes elas não tiveram essa experiência na infância, de
poder contar com alguma pessoa que as amassem e tentam preencher esse vazio com
esse tipo de relacionamento.
Eles não duram muito
tempo, pois é impossível mudar alguém que ainda não tenha tomado esta decisão.
No final elas acabam com a terrível sensação de terem feito papel de idiota e
não terem vivido a história de amor que gostariam. Deram tudo de si e ainda se
culpam pelo fim da relação.
Elas insistem porque a relação não é ruim o
tempo todo. Há momentos bons, demonstrações de afeto, momentos de ternura,
palavras gentis, e o mais importante: existe amor envolvido. Laurence disse que
insistia no relacionamento porque várias vezes François havia tentado parar de
usar drogas por ela, mas apesar das tentativas de salvar o seu amor, ele sempre
recaía no vício.
Você pode ter a síndrome da enfermeira?
Como você gosta de um relacionamento? Você
gosta de proximidade ou fica bem com a distância? Você tem necessidade de se
sentir protegida ou da aceitação do outro?
Em um de seus mais
belos textos, intitulado Além do Princípio do Prazer, Freud analisa essa
repetição neurótica de cenas e situações nas quais tentamos reparar e superar
os obstáculos que tropeçamos dolorosamente na infância. É importante que você
saiba que cuidar do outro não irá preencher as suas lacunas e rachaduras.
Geralmente o relacionamento dá errado e ambos sofrem com isso. É necessário que
haja uma mudança de perspectiva e nem sempre vamos conseguir fazer isso
sozinho, por isso um acompanhamento psicoterapêutico é importante, mas a
escolha é sempre sua.
Marine, de 48 anos,
após quinze anos de relacionamento com um alcoólatra, e mais alguns anos com um
homem violento e depressivo, encontrou Marc, um designer gráfico. Ele tinha
traços suaves e delicados. Ele era exatamente o oposto dos homens que ela havia
namorado anteriormente, tinha uma personalidade oposta. Ambos tinham rupturas
dolorosas e isso a ajudou a pensar sobre a sua própria história, principalmente
a adolescência, que foi marcada por uma ligação muito traumática com um dos
seus primos, que era muito violento. Este relacionamento com Marc resolveu
tudo, ambos cresceram juntos. Eu não tentei consertar nada nele, não precisava
disso, e finalmente consegui acabar com o prazer que via em tentar findar o
sofrimento aheio.
¹ Fundador e Autor do Blog: Eduardo
Campos, Técnico em Gestão Pública: Pedagogo, Esp. em Docência do Ensino Superior
– PROEJA e Educação em Saúde. Pesquisador do Grupo de Estudo e
Pesquisa em Educação do Campo na Amazônia-GEPERUAZ/UFPA
² Fonte texto : Fonte: Psychologies traduzido e
adaptado por Psiconlinews
³ Fonte imagem : http://www.intercambio7.com.br/sims-e-naos-para-seu-intercambio.jpg
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